domingo, 29 de novembro de 2009

Apanhei a Gripe A. Tanto se falou: Testemunhos, circulares, opiniões médicas, vacina-se ou não, mata ou não mata. Ignorei. Totalmente. Fui vendo, passivamente enquanto um numero considerável e, cada vez maior de pessoas no meu trabalho ia apanhando a dita. Até quando o meu colega de gabinete a apanhou não dei mais de 20 segundos de pensamento a isso.

Finalmente, quando estava atrapalhada com trabalho que não podia adiar, ela veio visitar-me. Vi logo o que era e, como tal, acabei o que tinha de fazer e vim para casa. benurons, cama e saco de água quente e, pronto.

Mas não, não podia ser assim.. Existem os histéricos, os hipócondriacos, os que projectam os medos da alma na doença, legitimando assim a respectiva partilha: faz o teste ! não basta o médico dizer ! é grave !

E os que não se aproximam... o medo do contágio. Engraçado. Depois querem que os que têm doenças infecto-contagiosas assumam que as têm. Querem que as pessoas tenham uma atitude normal, responsável.

Tivesse eu dito que era uma gripe sazonal e que me mandavam ficar em casa 7 dias e pronto. Assunto arrumado. evitava o contágio, ficava de quarentena e ainda por cima não me chateavam.

Não. Este hábito destrutivo que tenho de ter de dizer sempre a verdade, pelo menos a minha. Burra.

Não há nada pior que os hipocondriacos: horas intermináveis de histórias sempre fatais do que aconteceu em tempos...conselhos médicos do maior rigor...soluções a serem efectuadas com urgência sob pena de morte... um bla, bla, bla, sem fim. Enfim. para mim: uma pirosada.

Acho piroso, do mais foleiro e ridículo.

A mim, stressam-me outras coisas.
Hoje em dia toda a gente quer controlar tudo. Controlar tudo e todos, o resultado de todos os actos no outro, já não apenas em nós, no futuro, no efeito que o passado tem em nós e no que previmos nos venha a acontecer. Não me excluo. Mal o meu marido saiu de casa, algo que, inevitávelmente não controlei, lembrei-me de fazer tudo o que sempre sonhei e que nunca tinha "tempo" para fazer.

Controle, tive a necessidade ofegante de agarrar os acontecimentos pelos cornos (já que esses tambem os tinha)e voltar a ser a mulher que prometia ser antes de me casar e que pelo embalar da vida a dois e da minha prória perguiça nunca me deixei ser.

Assim, vieram as fantásticas sessões de terapia individual onde me expus sem qualquer pudor, apenas a vontade que sentia em me livrar do desgosto, do peso, da frustração de anos, da dor do que não aconteceu, da chegada ao fim.

Chorei. Chorei bem. e recebi aquele abraço que só a minha terapeuta me dá do seu metro e oitenta. Sentido e bem apertado.

Depois veio a lipo, torneando-me o corpo fazendo-me parecer a miuda que não fui, nem aos 15 anos. Veio brindar-me com a autoconfiança no meu corpo e em mim que nunca tive. Ainda me pergunto como demorei tanto tempo a faze-la. E o bikini ? esse passou a ser um "p" brasileiro !!! daqueles que eu custumava pensar, mas quem é que usa esta merda ?? só tapa as orelhas. E agora, eu, bamboleava-me na praia do guincho com o meu bikini P e de padrão leoparado, extensoes até a cintura ao vento e sorriso estampado na cara de orelha a orelha.

Agora até me sentia bem no meu 1.63, em bikini, sem os meus saltos altos (já referi que nasci com eles calçados ?).

O controle. sim, pelo menos do corpo.

Só há um tipo de controle que não suporto é o controle do politicamente correcto. Do parecer e não ser. Do mostrar e não sentir, do faz de conta. Acho, patético.

Gosto de me dar com taxistas, advogados, prostitutas, beatas, professores, academicos, operadores fabris. A falta de diversdade oprime-me. O dia a dia aborece-me e o convencional mata-me.

Sou contra o aborto. Sou a favor da adopção por gays que se amam, como qualquer outro casal.

Sou a favor de sexo por uma noite sem culpas e dramas.

Especialmente, sou a favor de que cada um possa ser como é. Sem ter de se reinventar para os outros, para si.

Gosto. Gosto muito de mim.